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Alimentando a mente

  • Writer: Clara Goncalves
    Clara Goncalves
  • Jan 15
  • 5 min read

Updated: Sep 23

No meu último post sobre as leituras que fiz em agosto de 2024, falei sobre livros como Klara e o Sol, Tolstói e Tolstaia, A idiota, A vegetariana, Nós, Mulheres e Yellowface. Depois sumi completamente e não pude comentar por aqui que consegui bater a minha meta de livros lidos em 2024 - foram 40 no total \o/ - o que ficou bem acima das minhas próprias expectativas. Foi muito legal ver que eu consegui dar esse presente de tempo e dedicação a algo que faz bem à minha alma. Com esse espírito, segui na primeira metade de janeiro me dedicando a alimentar a mente.


Alimentos de janeiro de 2025

Cinema:


  • Logo no segundo dia do ano, vi o remake de Nosferatu de Robert Eggers e, meu Deus, que filme MARAVILHOSO. Eu não sou uma pessoa do terror, mas definitivamente fui a adolescente fascinada por vampiros e foi uma delícia poder reviver esse momento. Em preparação para Nosferatu, assisti ao Drácula de Bram Stoker (1992), dirigido por Coppola que, assim como o filme de Eggers, é baseado no livro de Bram Stoker e tem um elenco sensacional. Enquanto a visão de Coppola é mais voltada para a sensualidade normalmente atribuída aos vampiros e ao seu poder de manipulação, com cenas muy sexy entre Winona Ryder (Mina) e Gary Oldman (Dracula), Eggers deu mais importância ao simbolismo e à psiquê de Ellen, personagem de Lilly-Rose Depp que é perseguida por Nosferatu, interpretado por Bill Skarsgård. Em questão de estilo, eu preferi a versão de Eggers, por quem estou atualmente obcecada. Depois de ver Nosferatu (2024), eu corri para assistir às outras duas versões mais famosas de Nosferatu, incluindo o original de 1922 (de F. W. Murnau) e a versão de 1979, de Werner Herzog.


  • Na semana seguinte, vi Babygirl, de Halina Reijn com Nicole Kidman, Antonio Banderas e Harris Dickinson. Fui com expectativas bem altas devido ao que tinha lido na internet e aos vídeos no TikTok de mulheres que saíram da salas de cinema em um estado de sensualidade aflorado. Mas, para mim, faltou erotismo ali. É um bom filme, não quero já começar com o pé na porta. Boas atuações, tema interessante, direção no ponto, e uma trilha sonora sensacional. Mas até a metade do filme, pareceu faltar uma cola. Algo que me mostrasse a humanidade daquelas pessoas. O porquê dos seus comportamentos. Com a personagem da Nicole, a construção me pareceu fazer mais sentido, mas o personagem de Harris Dickinson permaneceu um mistério até uma sequência num quarto de hotel em que pude entendê-lo um pouco mais. A partir dali, Babygirl me convenceu. Mas eu ainda sinto que faltou algo.


  • Também vi Malu, filme nacional brilhantemente dirigido por Pedro Freire, filho da atriz Malu Rocha, que inspirou o longa. Esse, sim, foi uma bela surpresa positiva. Eu também tinha lido boas resenhas sobre o filme que conta a história de uma atriz de meia idade que vive com a mãe idosa e super conservadora em uma casa numa região favelizada do Recreio, Rio de Janeiro, nos anos noventa. Mas eu não tinha ideia da dimensão da qualidade do roteiro, dos diálogos (e QUE diálogos), da complexidade das personagens, da bagagem cultural e, acima de tudo, dos traumas geracionais do tamanho do Brasil. Para enriquecer a experiência, vi o filme com a minha mãe que, embora mais jovem que Malu, pertence à mesma geração e testemunhou as mesmas transformações que tanto marcaram a personagem. Filmaço daqueles que você mergulha, navega e dá braçadas de tão profundo e rico. Vejam, vejam, vejam.


Livros


  • Até aqui, foram duas leituras em janeiro de 2025: Intermezzo, de Sally Rooney e A Hora da Estrela, de Clarice Lispector. Achei interessante fazer este contraponto de estilos, tamanhos, número de páginas porque:

    1. Não gostei muito de Intermezzo; adorei A Hora da Estrela.

    2. Intermezzo é um livro de mais de 400 páginas; A Hora da Estrela não tem nem 100.

    3. Sally Rooney é fenômeno literário moderno, considerada por muitos como "a voz da geração millennial"; Clarice foi e sempre será fenômeno literário, ao menos no país que adotou, o Brasil.

    4. Intermezzo, assim como os outros livros de Sally, foca em relações conflituosas entre pessoas, essencialmente, tristes. O que teria tudo a ver com Clarice, se você adotar esse ponto de vista. Clarice tinha um cérebro único e era uma mulher, essencialmente, triste. Mas as semelhanças param por aí.

    5. No livro de Sally vemos o desenrolar da história de dois irmãos que se odeiam. Há mais de dez anos de diferença de idade entre os dois, e eles se odeiam. Passam o livro todo se odiando. São 400 páginas de uma história focada entre personagens cujas motivações eu simplesmente não consegui alcançar. Pode ser culpa minha, sei lá.

    6. No livro de Clarice, ela conta a história da nordestina Macabéa, uma jovem magricela, feia e órfã, criada por uma tia nada carinhosa e namorada de um rapaz que parece detestá-la. Macabéa é inocente ao ponto de irritar, e não gosta de pensar. Pode ser lida como a versão clariciana de Macunaíma, e representa uma classe brasileira que é facilmente enganada e manipulada pelos demais. Apesar das poucas páginas, Clarice escancara a verdade através da ficção brilhantemente escrita. Clarice não finge. Não faz sala. Clarice mostra.


Leituras do segundo semestre de 2024

Aqui vai a lista dos livros que eu li no segundo semestre de 2024, depois deste post:


  • O olho mais azul, de Toni Morrison

  • Lutas e metamorfoses de uma mulher, de Édouard Louis

  • Jane Eyre, de Charlotte Brontë (relido depois de 17 anos)

  • Léxico familiar, de Natalia Ginzburg

  • Trinta segundos sem pensar no medo, de Pedro Pacífico

  • O jovem, de Annie Ernaux (relido porque a minha memória falhou)

  • Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis

  • Três mulheres, de Lisa Taddeo

  • Mr. Loverman, de Bernadine Evaristo

  • A Amiga Genial, de Elena Ferrante (relido, estava com saudade)

  • Quem matou meu pai, de Édouard Louis

  • Do que eu falo quando falo de corrida, de Haruki Murakami

  • O lugar, de Annie Ernaux

  • Literatura infantil, de Alejandro Zambra


Clique aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui para ver outras leituras do primeiro semestre de 2024 e o que pensei sobre elas.


Favoritos de 2024

  • O perigo de estar lúcida, de Rosa Montero

  • Caderno Proibido, de Albade Céspedes

  • O olho mais azul, de Toni Morrison

  • Quem matou meu pai, de Édouard Louis

  • Trilogia de Copenhagen, de Tove Ditlevsen

  • Aos prantos no mercado, de Michelle Zauner

  • Olhos d'água, de Conceição Evaristo

  • A natureza da mordida, de Carla Madeira

  • Yellowface, de Rebecca F. Kuang

  • A vegetariana, da Han Kang



Lilly-Rose Depp como Ellen Hutter, em Nosferatu (2024)
Lilly-Rose Depp como Ellen Hutter, em Nosferatu (2024)

 
 
 

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