6 Livros Impactantes e as Minhas Leituras Recentes

Dando continuidade ao meu projeto de ler um livro para cada ano de vida (com um mínimo aceitável de dois por mês), li seis livros recentemente que ainda faltava falar sobre por aqui. Eu não acreditava no começo do ano que conseguiria ler trinta livros em 2024. Agora, já tendo lido 25, estou confiante que conseguirei bater a minha meta até o fim do ano. Mas como ainda faltam cinco livros e cinco meses no ano, vamos focar nas leituras feitas nos últimos meses, em ordem de leitura:

1 - Tolstói e Tolstaia, de Lev Tolstoi e Sófia Tolstaia

Nesta bela edição da editora Carambaia, somos transportados para a Russia do começo do século passado e para o conturbado casamento entre Lev Tolstói e Sófia Tolstaia. Uma parceria que teve as suas complexidades transbordadas para páginas de livros e diários de ambos e que, durante muitas décadas, escondeu a voz de Sófia do grande público.

O livro é aberto pela controversa Sonata Kreutzer, de Tolstói, seguido por De quem é a culpa? e Canção sem palavras, de Sófia, somente publicados em 1994 e 2010. Os contos

estabelecem um diálogo direto entre si e temas como ciúmes e a vida em família são apresentados pelas diferentes perspectivas dos autores. É um livro muito difícil de ser lido, ou ao menos foi para mim, apesar da escrita primorosa de ambos. Foi uma agonia de ponta à ponta ver o lugar que as mulheres ocupavam àquela época e as amarras que persistem. Também me chocou bastante a posição filosófica de Tolstói, o seu extremismo religioso e a sua violenta misoginia. Sófia, por outro lado, partiu o meu coração com as suas personagens ingênuas, jovens e controladas por maridos terríveis e uma sociedade sufocante.

2 - A idiota, de Elif Batuman

Posso abrir esse pequeno parágrafo antecipando que não gostei do livro sobre o primeiro semestre e Harvard de Selim, estudante americana, filha de imigrantes turcos, nos anos 1990. Acompanhamos as descobertas estudantis e amorosas de Selim em um texto belamente escrito, mas profundamente entediante. A sensação é a de ler quase quinhentas páginas de nada. Pouco acontece, pouco emociona.

3 - A vegetariana, de Han Kang

Este é o oposto do livro anterior: em menos de duzentas páginas, a autora nos transporta para um romance perturbador e chocante sobre Yeonghye, uma jovem que decide deixar de comer carne depois de ter pesadelos chocantes. A Vegetariana é composto por três diferentes partes contadas por diferentes narradores que têm a vida impactada de uma ou outra maneira por Yeonghye. Engoli o livro, como se estivesse hipnotizada pela sua estranheza. Sensacionalmente esquisito e cativante.

4 - Nós, Mulheres, de Rosa Montero

Embora o livro que eu mais adorei ler até este ponto de 2024 tenha sido escrito pela Rosa Montero (O perigo de estar lúcida), este não me cativou tanto. Ainda assim, é uma leitura interessante que reúne um número impressionante de biografias de mulheres que marcaram a História, ainda que por debaixo dos panos por muitos e muitos anos. Desde mulheres célebres como Frida Kahlo a figuras ainda pouco conhecidas, como Juana Azurduy, que liderou exércitos contra os espanhóis. Por mais que não tenha me encantado pelo formato deste livro, aprendi muito com ele e recomendo a leitura.

5 - Yellowface, de Rebecca F. Kuang

Que escrita cativante! Fiquei presa ao estilo de Rebecca. Ela claramente tem um talento especial com a caneta e faz com que as suas frases fluam, como uma canção interpretada por uma cantora muito afinada e confiante. A história é contada por June Hayward, uma narradora nada confiável que descreve de maneira ácida a sua amizade com Athena Liu. Ambas são jovens autoras lidando com a indústria dos livros, mas de perspectivas opostas. Athena é uma estrela literária, enquanto June não tem sucesso algum com o seu livro de estreia. A partir dessa relação, somos apresentados às camadas mais profundas e complexas do mundo das publicações e do que uma pessoa é capaz de fazer diante da oportunidade de roubar a obra alheia. Fiquei completamente viciada.

6 - Klara e o Sol, do prêmio Nobel Kazuo Ishiguro

Terminei a última página ontem e ainda estou muito impactada pela obra de Ishiguro. Neste livro lindamente escrito, conhecemos um mundo distópico, porém não tão distante do atual, através dos olhos de Klara, um Amigo Artificial com impressionantes habilidades de observação. Com o seu olhar curioso, Klara atrai a humana que a levaria para casa, a adolescente Jodie, uma menina que convive com uma doença grave que parece estar prestes de lhe tirar a vida. Kazuo Ishiguro fez uma crítica sublime ao mundo moderno em que parecem haver camadas infinitas, com representações que remetem à religião, a discriminação entre grupos, a natureza humana e a busca por pertencimento. Uma verdadeira obra de arte e um anúncio entristecedor sobre o que podemos nos tornar enquanto humanos e o papel que as máquinas devem e podem ocupar. Leiam!