Sobre amor e amizade
- Clara Goncalves
- Dec 3, 2023
- 2 min read
Poucas vezes na vida refleti tanto sobre o quanto a felicidade do outro pode ser contagiosa. Na última semana, este foi o assunto que mais esteve presente nos meus pensamentos.
Passei as duas últimas semanas de novembro celebrando amizades. Uma grande amiga veio ao Brasil passar as férias -- ela vive nos Estados Unidos, nos conhecemos há anos durante o mestrado e tentamos nos ver sempre que possível -- e me levou para passear pela minha cidade natal. Fomos ao Cristo, vimos exposições, comemos os clássicos cariocas, batemos perna pela lagoa, tomamos caipirinhas e ficamos de preguiça na praia. Tudo isso enquanto colocávamos mil assuntos em dia depois de um ano desde o nosso último encontro. Ver a minha amiga aqui, relaxada, curtindo o Rio de Janeiro, me encheu de alegria.
Assim que ela retornou aos Estados Unidos, eu subi a serra do Rio para o casamento de outra grande amiga. Esta eu conheço desde os 15 anos e somos inseparáveis desde então.
Eu, obviamente, sabia que ficaria muito feliz por ela, mas não tinha dimensão do quanto.
Chegamos numa sexta-feira a tempo do jantar e, no sábado, aconteceu a cerimônia. No hotel, ficamos os amigos mais próximos e os parentes do casal. No sábado, eu e as outras madrinhas nos ajudamos com maquiagem, vaporizadores para vestidos e penteados. Neste processo, eu já comecei a me emocionar. Em seguida, fomos ao quarto da noiva para o que esse povo que organiza casamento chama de "first look", ou a primeira vez que as madrinhas veem a noiva pronta. Ficamos enfileiradas de costas enquanto a minha amiga se posicionava. Odeio repetir clichês, mas ela estava tão linda naquele vestido que lágrimas começaram a surgir em meio aos gritos de surpresa e felicidade.
Eu, que nunca dei muita bola para casamentos (ou outros rituais tradicionais), comecei a chorar copiosamente ao ver a minha amiga. Chorei porque via uma pessoa amada realizar um sonho. Chorei por ver uma amiga que teve um ano pesado finalmente vivendo algo leve e feliz. Chorei ao ver alguém por quem eu tenho um carinho imenso rodeada de pessoas que estavam vibrando pela sua felicidade. Finalmente, tudo aquilo fez sentido. Aquele casamento era um ato de celebração muito além do ritual que eu nunca entendi.
Durante a cerimônia, eu e um padrinho dissemos algumas palavras sobre o casal. Eu consegui fazer o meu discurso do começo ao fim, sem chorar copiosamente. Ao fim da cerimônia, caminhei em direção aos amigos dos tempos de escola. Uma delas, também muito especial, veio me abraçar e parabenizar pelo discurso. Desabei. Abracei de volta enquanto balbuciava palavras do tipo "eu estou tão feliz por estar aqui com vocês. Tão feliz por vocês todas." Demorou um pouco para fechar a torneirinha do choro depois disso.
Do começo ao fim, o último mês me lembrou de como amizades trazem felicidade. Amigos que encontramos uma vez ao ano, mas atravessam oceanos para nos ver. Amigos que nos chamam para ser testemunha dos dias mais felizes das suas vidas. Amigos que nos levam para eventos marcantes, e aqueles que nos ajudam a ficar mais bonita em datas especiais. Voltei para casa revigorada, nutrida. A felicidade alheia é a melhor coisa do mundo.





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