Publicar dói

Desde que decidi que escreveria mais frequentemente, há quase um ano, tenho vivido a dicotomia entre o alívio que é escrever e a dor que é publicar. Sei que meus amigos e família podem ver esse blog, alguns já me mandaram mensagens de apoio sobre a minha 'coragem' e eu agradeci envergonhada. Mal sabem eles que eu tenho textos duríssimos guardados na gaveta que provavelmente os fariam se preocupar com a minha saúde mental. São cartas e mais cartas, artigos e mais artigos sobre a minha vida e a deles. Os meus medos e os deles e todos os nossos defeitos incluídos. Evito falar nomes nos textos justamente por medo de um dia, sem querer, enviar tudo por email em uma lista de trabalho.

Convivo com esse tipo de medo desde que me entendo por gente. Um pavor silencioso de que, um dia, ao tomar uma taça a mais de vinho, eu conte todas as minhas dores para a minha tia em um almoço de sexta. Ou que, sem querer, conte o maior segredo da minha melhor amiga para o porteiro do prédio dela. Imagina se eu, do nada, começo a falar sobre os meus traumas justamente para quem é responsável por eles? Esse medo agora se transferiu para a escrita.

Não, mentira, a escrita ainda é segura. Desde que fique comportadamente guardada na minha pasta do drive. Mas e se ela parar aqui? Como ficar confortável em publicar a minha vida, se ela não é só minha? Minha terapeuta diria, certamente, que eu preciso aprender a sentar com o desconforto de compartilhar quem eu sou com os outros. Essa é a fonte de muitas das minhas neuroses.

Mas colocar em prática é difícil, hein?

Foto mostra duas mãos digitando em um teclado da Apple em cima de uma mesa branca em que estão apoiados um mouse branco da Apple, um relógio amarelo e um iPhone branco.