Carreira
- Clara Goncalves
- Jan 3, 2024
- 2 min read
Mais um ano começando, mais um ciclo em volta do sol se completando, e eu não posso evitar pensar que o ano na minha certidão de nascimento fica cada vez mais distante. Em 2004, quando a distância ainda era curta, o filme De repente 30 chegava aos cinemas. Não preciso entrar em detalhes sobre o filme, certo? Acho que todos conhecem a premissa: menina de 13 anos mal pode esperar para ter 30 anos e ser uma mulher bem sucedida até que, num passe de mágica, ela acorda e tem a vida dos seus sonhos. Eu amava (e talvez ainda ame) esse filme. Cresci com essa mensagem de que, na entrada da terceira década da minha vida, teria uma carreira de sucesso, tal qual Jennifer Garner (ou a minha mãe mesmo).
Mas hoje em dia… o que é uma carreira? Crescer dentro da mesma empresa ao longo de (muitos) anos ainda faz sentido? Alguém nascido depois de 1990 conseguiu fazer isso? Às vezes, sinto que não tenho uma carreira. Comecei como jornalista. Dei aulas de inglês. Mudei de ideia e fui morar fora fazer um mestrado em mídias visuais e digitais. Voltei para o Brasil e migrei para o marketing de comunidade. Não sabia ideia do que estava fazendo por meses, até que passei a amar o que fazia. E aí um dia me bateu vontade de mudar. Fui estudar novamente e resolvi migrar para a gerência de projetos, e adoro o que faço. Mas e se um dia quiser voltar para o jornalismo? Ou quiser migrar para UX writing? E se quiser passar os meus dias escrevendo livros infantis (tenho umas cinco ideias de história neste exato momento)?
Na minha época de menina (sempre quis dizer isso), me diziam que mudar de ideia era ruim. Que demonstrava uma falta de vontade, uma certa frivolidade. Mas aí você vira adulto na era mais líquida da história e, pior, você se formou em comunicação. Mudar se torna imperativo, você precisa fazer isso rapidamente e logo. Neste cenário, que tipo de "carreira bem sucedida" é possível?





Comments