Cada vez mais longe dos 28

Eu comecei este blog como uma tentativa de expressar em palavras uma crise de identidade que me tirou do prumo, justamente, aos 28. Foi no começo de 2022. Hoje, no último dia de 2023, reflito sobre esses últimos dois anos. Parece que foram um só e, ao mesmo tempo, dez. Foram anos transformadores, de muitas lutas com demônios internos e externos mas, sobretudo, de retomada da esperança. Tinha saudade desse sentimento, de ter desejo de ver o que estava por acontecer.

Beirando os 30, posso dizer tranquilamente que a crise, na verdade, nunca passa. Ao menos para mim, uma pessoa que gosta de racionalizar, avaliar, entender tudo aquilo que sente. É um porre, se posso ser sincera. Não foi sempre assim, antes dos 15 anos acho que sequer refletia sobre o meu dia, quanto mais sobre a minha existência ou a vida. Depois dos 20, comecei a ter mais consciência sobre mim e o que me cerca. Aos 28, esse estado se aflorou de tal forma que achei que fosse quebrar.

Quando se tem 20, se você é sortuda como eu, ainda pode se dar ao luxo de ser um pouco menina. Hoje isso já não é tão possível. Encarar a realidade da vida adulta me balançou especialmente na idade que deu nome a este blog. E o pior passou, está ao menos organizado, mas nunca realmente fica para trás. O carrego comigo, quase como uma lembrança de onde posso chegar caso não preste atenção, ou não tenha cuidado.

Aos 29, contemplo os trinta. Sei que medidas práticas para navegar a vida foram e estão sendo tomadas, e isso me conforta. Sei o que desejo e o que não faz mais sentido. Alguma noção do que quero para a minha vida eu tenho, hoje, graças aos meus 28. No começo do ano, entendi que não se tratava de uma mera idade, de um número, mas um portal a ser atravessado. E a travessia está apenas começando.

Tracei metas para 2024 que são uma versão mais realista, talvez mais estruturada dos mesmos objetivos de 2023. Eles estavam lá, mas sem muita estratégia e eu descobri que foi isso o que me faltou. Não foi bem falta de vontade, de perspectiva ou preguiça. Foi falta de método e um pouquinho de medo.

Vamos em frente assim mesmo: com método e com medo. Feliz ano novo!