Aqueles dias

Tem dias que parece que se um vento passar, me leva. Me sinto tão frágil. Como se qualquer crítica fosse capaz de me destruir. Como se uma notícia triste fosse capaz de acabar comigo. E me derreto em lágrimas por motivos que podem te fazer rir. Às vezes, ao ver os outros rindo de mim, acabo rindo junto.

Me sinto uma panela sem tampa com molho fervendo dentro. Ou seria eu o molho que borbulha e parece querer escapar do recipiente que me controla? Sei lá. Sinto muito. Eu sinto tudo muito. Não é possível que todo mundo viva assim, as coisas não funcionariam se esse fosse o caso. Mas como explicar pro mundo que eu posso chorar a qualquer momento?, precisar de colo?, precisar gritar?

Finjo que não preciso para não assustar. Finjo que não sinto para poder ganhar

o dinheiro de cada mês, e o respeito de todos vocês, mas saibam que é mentira. Tudo não passa de fingimento. Pareço estar bem, talvez nem tanto, mas estou muito pior. Ou seria melhor? Só sei que é muito intenso. Gostaria que fosse menos. Gostaria de não sentir tanto.

Gostaria de ser menos;

menos sensível,

menos frágil,

menos panela aberta e mais pote de vidro resistente. Com tampa.

Foto de uma caixa de papelão de mudança com adesivo que diz "fragile", frágil em inglês.