3 livros para ler antes dos 30
- Clara Goncalves
- Feb 28, 2023
- 3 min read
Updated: Mar 9, 2023
Como muitas mulheres de mais ou menos 28 anos por aí, tenho me sentido especialmente consciente de mim mesma e de para onde quero ir nos próximos capítulos da minha vida. A astrologia diz que este é um momento desafiador da vida à medida que nos aproximamos do retorno de Saturno: um momento de crise existencial! (ou 10 crises existenciais). A sociedade, como costuma fazer com as mulheres, começa a nos pressionar para que a gente se recomponha logo: hora de encontrar um parceiro e começar a procriar!
E então, nos olhamos no espelho, e às vezes tudo o que vemos é uma jovem tentando sobreviver. Quando olho para o meu próprio reflexo, vejo alguém que não é tão diferente da pessoa que era aos 20. Talvez haja um pouco mais de dinheiro e independência, mas aqui estou eu ainda tentando encontrar o meu lugar e encontrar as minhas pessoas no mundo. A escrita tem sido uma ferramenta excepcional durante esse período, mas a leitura também. E, para quem estiver passando por algo parecido, ou tiver curiosidade pelo assunto, queria destacar 3 livros que li recentemente e que muito me ajudaram a encontrar paz no meio da turbulência.

Para todos verem: fotografia mostra a capa dos livros Tudo sobre o amor, Aurora e as visionárias ao lado de um par de óculos e uma vela Granado.
1 — Tudo sobre o amor — novas perspectivas, bell hooks
Se eu pudesse, subiria em cima de um palco em uma praça lotada no centro de uma grande cidade para pregar a palavra de bell hooks. Que livro, senhoras e senhores, que livro. Publicado em 2000, ele abre uma discussão sobre diferentes aspectos do amor na sociedade moderna para (muito) além da ideia de amor romântico. bell hooks elabora, a partir de experiências pessoais, a ideia de que a cultura americana socializa homens e mulheres a olharem o amor como sinal de fraqueza, um mero sentimento que deve ser domado pelo poder e o niilismo. Para hooks, o amor vai muito além de um sentimento — ela defende que é a partir de uma ética amorosa que podemos construir um sociedade fundamentada na justiça e na equidade. Essa leitura me fez refletir muito sobre o meu próprio cinismo diante do amor, sobre a necessidade humana de amar e estar em comunidade, e de como tratar a mim mesma de forma amorosa. É um daqueles livros capazes de mudar vidas.
2 — As visionárias — Quatro mulheres e a salvação da filosofia em tempos sombrios, de Wolfram Eilenberger
Senti o meu cérebro crescendo a cada página de Eilenberger sobre as ideias de Simone de Beauvoir, Simone Weil, Ayn Rand e Hannah Arendt em meio à ascensão do nazismo e dos horrores da Segunda Guerra. Li o livro enquanto, no Brasil, vivíamos a mais importante eleição presidencial desde a democratização. Foi interessantíssimo aprender mais sobre o pensamento de cada uma sobre temas como gênero, identidade, religião, liberdade, economia… Muitas, conforme o autor descreve, passavam justamente por crises existenciais aos 20 e tantos anos, enquanto criavam peças importantíssimas para o pensamento moderno. Me identifiquei, em vários momentos, com as angústias de Weil e de Beauvoir e a paixão e descontentamento de Arendt e de Ayn Rand. Pude me identificar mais com umas do que com outras, naturalmente, mas vi esses quatro grandes nomes como mulheres que viveram vidas como tantas outras, apesar dos (muitos) pesares.
3 — Aurora — O despertar da mulher exausta, de Marcela Ceribelli
Sou fã de carteirinha da Marcela, fundadora da obvious.cc e apresentadora do podcast 'Bom dia, Obvious' que eu ouço toda segunda-feira. O livro é composto por ensaios que muito têm a ver com as dezenas de episódios do podcast, mas também refletem as ânsias e desejos da própria Marcela, uma representante fiel da geração millennial que não escapou da ideia de que precisamos construir um império antes dos 30 e, por isso, acaba tendo um burnout enquanto tenta. Os ensaios da Marcela, minha ídola, parecem muito com uma conversa íntima com uma amiga muito inteligente. Me vi diversas vezes naquelas páginas, em outras senti que apesar de sermos da mesma geração, temos perspectivas muito diferentes. Mas me acalmou saber que mesmo quem eu muito admiro passa por angústias como as minhas. Apesar de todo o sucesso, ela tem um ansiedade parecida com a minha, afinal, somos humanos em um mundo hiperconectado. E mais! Somos mulheres em uma sociedade misógina. É desafiador mesmo, não é frescura.




Comments